Placa Comemorativa - Prefeitura de Pisa

Pouca gente a conhece, mas dentro da Prefeitura de Pisa há uma placa comemorativa do 1º GAvCa. Esta é a sua história...

Concepção

Na edição de 05/05/1945 do "Senta a Pua", autointitulado o "Boletim Noticioso do 1º Grupo de Caça" e que, àquela altura, tinha por editor o Cabo Sebastião Rego Seixas e por redatores os Soldados Nelthair Pithan Silva e Helio Oliva da Fonseca, foi sugerida a criação de uma placa a ser afixada no prédio que havia servido de alojamento aos praças do 1º GAvCA.  

PARA QUE O NOSSO ESFORÇO NÃO SEJA ESQUECIDO
"É pensamento do 'Senta a Púa' deixar indelevelmente marcada, nesta cidade, nossa passagem pela Itália, onde colaboramos no esforço de libertar o mundo da tirania dos ditadores. Por isso, o 'Senta a Púa' quer inaugurar no prédio do nosso acantonamento uma placa de mármore comemorativa de nossa passagem por Pisa. Aqueles que quiserem aderir à ideia deverão assinar uma lista que se encontra com a Direção do 'Senta a Púa' - o melhor pasquim da Terra..."

A 07/05/45 a ideia foi levada ao Ten.Cel. Nero Moura, Oficial Comandante do Grupo, e no dia seguinte, Dia da Vitória na Europa, o "Senta a Pua" publicava:

O NOSSO COMANDANTE APOIA

Nossa reportagem esteve ontem em ligeiro contato com o nosso Comandante. Nessa ocasião tivemos a oportunidade de levar ao seu conhecimento a nossa ideia de fazer uma placa comemorativa da passagem do Grupo pela Itália. Ele gostou da idéia e disse que poderíamos contar com seu apoio. 'Senta a Púa' agradece a cooperação do Comando. A confecção da placa está sendo providenciada.

Uma vez aprovada, a confecção e instalação da placa foi orçada em 3000 liras italianas. Através do "Livro de Ouro" em poder do 1º Sargento Virgílio Prediliano Andrade, o "Conterrâneo", onde cada contribuição e o nome do contribuinte eram gravados para referência futura, foram arrecadadas 6.445 Liras, valor mais do que o suficiente para a empreitada.

Inauguração

A placa foi inaugurada às 08h30 de 20/06/1945 com o a presença do Comandante Interino do Grupo, Maj.Av. Ary Neves, diversos oficiais e grande parte dos graduados. Coberta com a Bandeira Nacional, foi descerrada pelo 2º Ten. Av. Armando de Souza Coelho, no que foi seguido por palavras do Maj. Capelão Paschoal Gomes Librelotto em nome da Comissão Organizadora e de agradecimento feito pelo 3º Sgt. Sebastião Seixas Rego, diretor do Boletim 'Senta a Púa'. À noite foi oferecido ao pessoal do Grupo um coquetel no Clube Copacabana.

Anos depois essa placa foi retirada de seu lugar original e hoje encontra-se afixada no hall da entrada da Prefeitura da cidade de Pisa, localizada na Via degli Uffizi, nº 1.

Discurso proferido pelo Major Capelão Paschoal Gomes Librelotto

Andastes bem acertados em querer fixar no mármore que o tempo não corrói a passagem por Pisa do 1º Grupo de Caça da Força Aérea Brasileira. Digam os menos avisados e menos refletidos o que quiserem a respeito de nosso heroísmo porque jamais conseguirão tapar o sol com a peneira. Nós que aqui viemos, ninguém nos pode negar, tivemos as atitudes francas de heróis. Desde que nossos transportes zarparam da Pátria em demanda do teatro da guerra, nós nos expusemos aos perigos de toda espécie: minas, torpedos, bombas, ataques aéreos, traições, doenças, mutilações, etc., próprios todos eles para os que tomaram parte na guerra. O heroísmo não está só no sacrifício da vida, mas ele começa a ser completo desde o momento em que nos decidimos partir e deixar que nossa vida começasse a correr risco pela Pátria.

Esta lápide quer ser uma recordação viva e perene da passagem de um pugilo dos bravos da FAB, que tudo deram pela causa aliada quem em terra, quer no ar. Ela dirá aos pisanos e a quantos dela tiverem notícia que o brasileiro, longe de ser o fantasma desprezível que o totalitarismo apresentou ao povo europeu, ele é civilizado, valente, trabalhador, caritativo e sumamente ordeiro; dirá que cada brasileiro, cada um de nós, encarna o amor a Pátria empunhando briosos a espada da justiça e, quais cruzados da caridade, desfraldamos com o nosso auriverde pendão a branca bandeira da paz.

Bem haja quantos contribuíram e cooperaram para a colocação dessa lápide, pois, nesta terra de tradições e antiguidades, ela será certamente conservada para, em nossas pessoas, falar no Brasil e bendizer nossa passagem por aqui com o ideal de todos os homens retos: a liberdade dos Povos. Para nós, para os aliados e para o mundo, vale ter o lema do protomártir da República e, por isso, da democracia, Tiradentes: "Libertas quae sera tamen" - queremos a liberdade, embora demorada ou tardiamente.

Seja esta lápide, ora descoberta, o refém que nos obriga a um compromisso da honra que juramos: honrar com o nosso trabalho, nossa vida e nossa conduta, as glórias dessa jornada que já não nos pertence, porque já passou a ser irrevogável patrimônio do Brasil".

Contribuintes

Foram os seguintes os graduados que contribuíram e assinaram o "Livro de Ouro".